São estas ideias que definem o liberalismo?
O meu pequenito blog serve apenas para ir falando das minhas coisinhas, daqueles blogs que segundo alguns é “por puro exibicionismo e vaidade pessoal, com muito pouco para dizer. …perfeitamente supérfluo…” e que não “possui uma subjectividade que lhe deveria ser inerente” (…isto é só senhores da verdade!).
Mas de há uns dias para cá têm proliferado, no mundo da blogosfera, sucessivos posts (estes são apenas alguns exemplos: Vela Latina
Hoje, homem dedicado ao mundo dos negócios, se procurarem bem encontram-no na lista negra e talvez, só talvez, por isso o parecer dele seja:
“Na minha opinião, o número óptimo de listas negras não é uma nem, muito menos, duas. É zero.” (Pedro Arroja) em Abrupto 16/07/2006.
Bem mas adiante: em tempos foi figura que se fez notar nos meios de comunicação social (jornais, rádios, televisão). Depois desapareceu dos debates políticos e abandonou a intervenção pública (e na minha muito modesta opinião … acho que fez muito bem) .
Pois, agora está de volta, pela via da blogosfera, grandemente anunciado pelo Blasfémias.
Ok, confesso que não conheço o Sr. Professor e que não entendo patavina de politica…mas percebo português.
E penso que há 12 anos atrás as palavras tinham o mesmo significado que têm hoje.
(...)
Portanto só quem tem dinheiro é que pode ter um partido...
A menos que haja um partido que me queira mesmo que eu não tenha dinheiro. Mas é precisamente a pensar nos pobres que eu punha a questão da transacção do voto. Se uma pessoa tem direito a um voto mas não quer usá-lo, tem de o deitar fora. Noutro sistema, poderá vendê-lo a alguém que queira votar várias vezes. Já viu quantos pobrezinhos ficavam beneficiados?
Se há quem venda sangue, deve haver muito quem queira vender votos... O problema era depois encontrar quem não quisesse vender. O chamado voto em consciência passava à História.
O voto em consciência tem produzido estes partidos...
E o que é que produzia o voto vendido?
Produzia votos esses sim em consciência, porque eu para comprar três votos para um partido tinha de ter grande apreço por ele.
Para quê intermediários? O partido comprava directamente os votos. Poupava-se tempo e despesa.
Um partido para comprar votos tem de ter dinheiro, financiamentos privados. E para aspessoas ou as empresas lhe darem dinheiro, têm de ter a certeza de que vai governar bem...
Que se deu lindamente num país protestante, como os EUA... Outro assunto: é a favor da liberalização da droga. Em que moldes? Vendida por quem?
Vendida pelos especialistas de droga, os farmacêuticos. Em embalagens rotuladas, com dosagens prescritas. As pessoas acabarão por compreender que a única solução para um problema é encará-lo de frente.
E como existem outros números e dados que dizem que para se ser condenado à morte nos EUA é preciso ser-se pobre e de preferência negro, estamos conversados.
É natural que sendo pobres tenham mais tendência a cometer crimes...
E sendo negros tenham mais tendência a ser mortos.
Posso-lhe dizer que não há país do mundo onde os negros vivam tão bem como na América.
Costumava ouvir-se isso em relação à Àfrica do Sul...
E com verdade. Era o país com o mais alto nível de vida para os negros em África, mas agora vai cair.
Claro que estamos a falar de valores económicos.
Sim. Repare, eu acho que eles têm todo o direito à liberdade, é a terra deles. Agora não se esqueça que os negros americanos não estão na sua própria terra.
Ah não? E quem é que os levou para lá?
Foram eles que foram. Atraídos pelo nível de vida que não têm em mais parte nenhuma do mundo.
Para começar a terra era dos Indios. E está-se a esquecer do pequeno pormenor da escravatura.
Alguns foram levados como escravos. Mas ainda hoje há gente a emigrar para lá, negros. E deixe-me dizer-lhe uma coisa. O homem que ganhou o prémio Nobel, este ano, Robert Fogel, provou que se o sistema da escravatura era politicamente inaceitável, em termos económicos, para os negros, era um sistema muito eficaz. Mais: que o trabalhador negro da época, escravo, vivia melhor que o trabalhador médio branco. Certamente que a conclusão é surpreendente, é por isso que ganhou um prémio nobel. Mas documentou extraordinariamente bem...
O escravo vivia melhor em que sentido?
Existe a ideia de que o escravo trabalhava e dava tudo ao senhor. Não. O senhor branco ficava no máximo com dez por cento. Em segundo lugar, o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro.
E já se perguntou porque é que ele seria duas vezes mais produtivo?
Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico.
Fantástico? Se não trabalhassem o dobro apanhavam. Eram chicoteados, mortos, vendidos para a frente e para trás.
Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos.
Em termos económicos, pois claro.
Aliás você defende que o Estado não devia ter o exclusivo da formação dos médicos e qualquer pessoa devia poder exercer a medicina.
Veja: se eu quiser ser médico e não tiver clientes, vou à falência. Mas se houver pessoas que vêem em mim um curandeiro...
E se não curar nada, lá morre mais meia dúzia de desgraçados para que o resto do mundo perceba que você afinal não presta.
E os familiares pôem-me uma acção em tribunal.
E você diz que não tem culpa nenhuma se viram em si um curandeiro, que nunca apresentou qualquer prova de o ser e se tinham acreditado em si era problema deles. Pagavam com a vida a regulação do mercado. Que espírito de sacrifício admirável.
Não deve existir legislação contra o trabalho infantil?
Não. Se a criança vai ou não trabalhar, é com os pais.
Já pensou que nome daria ao sistema do voto comprado? Democracia já não pegava...
Não pensei nenhum nome. É um assunto acerca do qual penso escrever mais.
Espera que o levem a sério com isso?
Eu estou absolutamente a sério! Sou uma pessoa muito realista.
Sem dúvida, já que defende que tudo se compra e se vende.
Sempre foi assim, até com os sentimentos.
(...)
Qual a pior coisa que lhe podia acontecer?
Morrer.
O que é que é sagrado para si?
Nada. Nada.
Tem angústias?
Eu? Nunca na minha vida! Nem angústias nem depressões.
Tem a certeza de que existe?
Com certeza.