quinta-feira, setembro 28, 2006

São estas ideias que definem o liberalismo?

Vocês sabem que eu não sou destas coisas. Liberalismo, fascismo, comunismo (e coiso e tal), não são de todo temas abordados por aqui.
O meu pequenito blog serve apenas para ir falando das minhas coisinhas, daqueles blogs que segundo alguns é “por puro exibicionismo e vaidade pessoal, com muito pouco para dizer. …perfeitamente supérfluo…” e que não “possui uma subjectividade que lhe deveria ser inerente” (…isto é só senhores da verdade!).
Mas de há uns dias para cá têm proliferado, no mundo da blogosfera, sucessivos posts (estes são apenas alguns exemplos: Vela Latina / A forma e o conteúdo / Cinco dias / Arrastão / Fonte das Virtudes / Corta Fitas / O Franco Atirador / O Avesso do Avesso / Combustões / O Insurgente / Womenage a trois / A Causa foi Modificada ) a propósito do “retorno” do Sr. Pedro Arroja - Sr. Professor , Sr. Prof. Dr. se faz favor!

Hoje, homem dedicado ao mundo dos negócios, se procurarem bem encontram-no na lista negra e talvez, só talvez, por isso o parecer dele seja:

Na minha opinião, o número óptimo de listas negras não é uma nem, muito menos, duas. É zero.” (Pedro Arroja) em Abrupto 16/07/2006.

Bem mas adiante: em tempos foi figura que se fez notar nos meios de comunicação social (jornais, rádios, televisão). Depois desapareceu dos debates políticos e abandonou a intervenção pública (e na minha muito modesta opinião … acho que fez muito bem) .

Pois, agora está de volta, pela via da blogosfera, grandemente anunciado pelo Blasfémias.

Ok, confesso que não conheço o Sr. Professor e que não entendo patavina de politica…mas percebo português.
E penso que há 12 anos atrás as palavras tinham o mesmo significado que têm hoje.

Para quem desconhece o ser passo aqui os excertos mais “hilariantes” da sua entrevista com Fernanda Câncio (1994)

Economista, 40 anos, faz carreira nos jornais como extremista liberal: o mercado ao poder, que o dinheiro já lá está. Jura pela América, crê no futuro do Ocidente, não tem depressões nem angústias.

(...)

Portanto só quem tem dinheiro é que pode ter um partido...

A menos que haja um partido que me queira mesmo que eu não tenha dinheiro. Mas é precisamente a pensar nos pobres que eu punha a questão da transacção do voto. Se uma pessoa tem direito a um voto mas não quer usá-lo, tem de o deitar fora. Noutro sistema, poderá vendê-lo a alguém que queira votar várias vezes. Já viu quantos pobrezinhos ficavam beneficiados?

Se há quem venda sangue, deve haver muito quem queira vender votos... O problema era depois encontrar quem não quisesse vender. O chamado voto em consciência passava à História.

O voto em consciência tem produzido estes partidos...

E o que é que produzia o voto vendido?

Produzia votos esses sim em consciência, porque eu para comprar três votos para um partido tinha de ter grande apreço por ele.

Para quê intermediários? O partido comprava directamente os votos. Poupava-se tempo e despesa.

Um partido para comprar votos tem de ter dinheiro, financiamentos privados. E para aspessoas ou as empresas lhe darem dinheiro, têm de ter a certeza de que vai governar bem...


(...)

Que se deu lindamente num país protestante, como os EUA... Outro assunto: é a favor da liberalização da droga. Em que moldes? Vendida por quem?

Vendida pelos especialistas de droga, os farmacêuticos. Em embalagens rotuladas, com dosagens prescritas. As pessoas acabarão por compreender que a única solução para um problema é encará-lo de frente.




(...)

E como existem outros números e dados que dizem que para se ser condenado à morte nos EUA é preciso ser-se pobre e de preferência negro, estamos conversados.

É natural que sendo pobres tenham mais tendência a cometer crimes...

E sendo negros tenham mais tendência a ser mortos.

Posso-lhe dizer que não há país do mundo onde os negros vivam tão bem como na América.

Costumava ouvir-se isso em relação à Àfrica do Sul...

E com verdade. Era o país com o mais alto nível de vida para os negros em África, mas agora vai cair.

Claro que estamos a falar de valores económicos.

Sim. Repare, eu acho que eles têm todo o direito à liberdade, é a terra deles. Agora não se esqueça que os negros americanos não estão na sua própria terra.

Ah não? E quem é que os levou para lá?

Foram eles que foram. Atraídos pelo nível de vida que não têm em mais parte nenhuma do mundo.

Para começar a terra era dos Indios. E está-se a esquecer do pequeno pormenor da escravatura.

Alguns foram levados como escravos. Mas ainda hoje há gente a emigrar para lá, negros. E deixe-me dizer-lhe uma coisa. O homem que ganhou o prémio Nobel, este ano, Robert Fogel, provou que se o sistema da escravatura era politicamente inaceitável, em termos económicos, para os negros, era um sistema muito eficaz. Mais: que o trabalhador negro da época, escravo, vivia melhor que o trabalhador médio branco. Certamente que a conclusão é surpreendente, é por isso que ganhou um prémio nobel. Mas documentou extraordinariamente bem...

O escravo vivia melhor em que sentido?

Existe a ideia de que o escravo trabalhava e dava tudo ao senhor. Não. O senhor branco ficava no máximo com dez por cento. Em segundo lugar, o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro.

E já se perguntou porque é que ele seria duas vezes mais produtivo?

Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico.

Fantástico? Se não trabalhassem o dobro apanhavam. Eram chicoteados, mortos, vendidos para a frente e para trás.

Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos.

Em termos económicos, pois claro.


(...)

Aliás você defende que o Estado não devia ter o exclusivo da formação dos médicos e qualquer pessoa devia poder exercer a medicina.

Veja: se eu quiser ser médico e não tiver clientes, vou à falência. Mas se houver pessoas que vêem em mim um curandeiro...

E se não curar nada, lá morre mais meia dúzia de desgraçados para que o resto do mundo perceba que você afinal não presta.

E os familiares pôem-me uma acção em tribunal.

E você diz que não tem culpa nenhuma se viram em si um curandeiro, que nunca apresentou qualquer prova de o ser e se tinham acreditado em si era problema deles. Pagavam com a vida a regulação do mercado. Que espírito de sacrifício admirável.




(...)

Não deve existir legislação contra o trabalho infantil?

Não. Se a criança vai ou não trabalhar, é com os pais.



(...)

Já pensou que nome daria ao sistema do voto comprado? Democracia já não pegava...

Não pensei nenhum nome. É um assunto acerca do qual penso escrever mais.

Espera que o levem a sério com isso?

Eu estou absolutamente a sério! Sou uma pessoa muito realista.

Sem dúvida, já que defende que tudo se compra e se vende.

Sempre foi assim, até com os sentimentos.

(...)

Qual a pior coisa que lhe podia acontecer?

Morrer.

O que é que é sagrado para si?

Nada. Nada.

Tem angústias?

Eu? Nunca na minha vida! Nem angústias nem depressões.

Tem a certeza de que existe?

Com certeza.






10 comentários:

CAA disse...

Contextualize devidamente, por favor.

Nani disse...

Haverá algum contexto que valide estas ideias? Elucide-me, por favor.

Anónimo disse...

Escreveu aí no meio

-Hoje, homem dedicado ao mundo dos negócios, se procurarem bem encontram-no na lista negra

Aquilo é a lista negra? Então estamos tramados, estão ali todas as grande empresas do Portugal.

ADP, AGROS, ALCATEL - Portugal, Alliance Unichem Farmacêutica, Amorim e Irmãos, ANA, Arbora Ausonia, Auto Sueco, Autoeuropa, Citroën, Barbosa e Almeida, Baviera, BP, BPI, BRISA, CP. Carrefour, TV Cabo, CELBI, CEPSA, CIMPOR, CIN, CODIFAR...
IBM, COMPAL, CPPE, CTT, EDP, El Corte Inglês, EPAL, Esso, FNAC...

Estão todas.

Acho que a enganaram com esta lista.
A.

Gabriel Silva disse...

Ou é ignorância ou má-fé: ter uma empresa na lista de entidades a inspeccionar regularmente durante determinado ano, não é uma «lista negra».
Decorre da normal planificação da adm. pública a inspecção de empresas de certas e determinados grupos de empresas comk caracteristicas pr-edefinidas (volume de transações, dimensão, nº trabalhadores, etc.) e/ou actividades especificas (serviços e intermediação financeira, farmácias, bancos, por exemplo)

Nani disse...

"...estão ali todas as grande empresas do Portugal." - e??????? Se calhar estamos mesmo tramados!


Fé? Nem boa, nem má. Nestes senhores, é mesmo nenhuma.

Anónimo disse...

Estamos aqui feitas louras burras a tentar deixar um comentário, mas como é óbvio n conseguimos fazer nada de jeito, ainda!!!
Sabes quem somos???
Não????????
não não dizemos ó porca!!!

Nani disse...

Louras burras conheço muitas, mas com
disposição para dizer trivialidades às 8:30 da manhã são poucas, começam e acabam não gaijas boas (incluindo Mi Madre). Ora sendo assim vou apostar na Russa e na minha Mãe...vá agora que já me fizeram perder o meu tempo e latim - CHIBEM-SE!

Nani disse...

Ok...a minha Mãe está fora de jogo!
Russa...continuo a apostar em ti e ???? Canguru?

Nani disse...

Nova votação: mudei de ideias. Afinal é P.M. e não A.M. ....ah, ah, apanhei-vos! Russa e Barbie: 10 flexões lá fora!

Karlytus disse...

Adorei este texto.. levanta imensas questoes.. daria pra estarmos a falar/discutir a noite toda.. e nem era preciso vodka com limao.. ;)
Acho a última pergunta fabulosa.. :) tipo "Como é que você sabe que existe uma vez que não pensa??" hehehe

Obrigado pelo teu trabalho.. está uma posta daquelas.. ;)

Beijinho azuli.. :D