quinta-feira, junho 29, 2006

Miguel


Para ti que nunca me vais ler...

Demorei tanto tempo para te escrever estas palavras, as que nunca saberás
Ou talvez sim, talvez um dia alguém comente em jeito de troça, tentando tirar valor a estas linhas que te dedico, mas não te preocupes Puto pois "não seriam cartas de amor se não fossem ridículas", será apenas a cobiça a falar mais alto.
Pode acontecer que o excesso de vontade de te dizer o que quero, faça com que tropeçe nas palavras - como contar um amor? Há coisas que não são diziveis.
Ciúmes, gritos, lágrimas de raiva.
Separações, saudades, lágrimas de amor.
Tempos conturbados.
Não, aqueles dois não vão longe.
Prenunciava-se a morte de um amor imaturo.
Neste nosso amor bravo os extremos tocaram-se arriscadamente.
Foi feio, fraco, pequeno, bruto, amargo
Foi lindo, forte, grande, meigo, doce
Amar não é fácil.
Sobrevivemos.
Cedências...que pensava só minhas.
Não são, não foram.
Demos muito de nós, demos tudo.
Fizeste-me perder a estribeiras, sair fora de mim
Fizeste-me menina mais mulher
Fizeste-me mãe
És o meu homem, o meu fogo, o meu desatino, o meu Amor
És o pai do meu filho

Foi dificil mas estamos cá para contar como foi.

If it doesn´t kill you, it just makes you stronger

terça-feira, junho 27, 2006

Agora que tenho um blog



já foi há mais de um mês
depois do cafézito, sentei-me sózinha no escritório
ninguem antes das 10h, o que me dá cerca de uma hora
papelada em dia, uns telefonemas, actualizar contactos
navega-se, consulta-se os movimentos de conta, "bom dia mãe", bom dia a todos os que estão no messenger, ou seja, "bom dia mãe"
fui ao meu msn space, pois é isso - o blog dos totós
e não estava lá - oh que merda! tantas palavras de amor perdidas na rede...maldita, porca, verde, morra a rede, morra, pim!
1 dia, 2....10..15...e lá voltou a aparecer, tanto alarido para nada!
pois, mas gato escaldado...na volta escalda-se outra vez! Vamos lá ver.

segunda-feira, junho 26, 2006

Pablo Neruda


Walking Around

Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.

Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.

Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.

quarta-feira, junho 21, 2006

Os Tugas




Quer a gente queira quer não, quem é Tuga já anda por esta altura com umas certas comichões (leia-se nervos pequenitos) por causa daquela coisita redonda – sim, a bola, essa mesma…a do futebol.

Não há como evitar. Voltam-nos desde logo à memória as emoções vividas e o desaire sofrido no Europeu…e que sofrido!!

Alguns daqueles que, como eu, só nestas ocasiões se entregam a este género de agitações – optaram por dizer não! Desta vez: tou nem aí!

Sim, mas isso foi antes de tudo recomeçar…como se fosse possível optar ser Tuga ou não ser! Desta vez não é uma questão!

Primeiro Angola – não foi brilhante, mas deu para reavivar algumas memórias, depois o Irão – e aí sim, já se experimentaram palpitações, já vibrámos, e os mais incautos já sonharam com voos bastante mais altos. A partir daqui todas as emoções, para o bem e para o mal, são em sentido ascendente.

As bandeiras voltam às janelas, e as suas cores multiplicam-se em vestimentas e pinturas.

Daqui a pouco mais de 2 horas Portugal volta a jogar, e mais uma vez o país vai parar e milhares de pessoas vão rezar e fazer força para mais uma vitória.

Mais uma vez…voltamos a acreditar.

segunda-feira, junho 12, 2006

A minha amiga Teresinha


A Teresinha…é assim que a chamamos, porque ela é assim mesmo: uma Teresa muito querida!

Ao longo da vida cruzamo-nos com uma catrefada de pessoas, umas com quem apenas nos cruzamos e dessas não há memória, outras que são as conhecidas e que basicamente não conhecemos (não percebo esta contradição), ainda temos as colegas de trabalho e de faculdade (...) e outras que são as amigas (muito poucas por sinal).

Dentro desta condição temos vários exemplares.

Há aquelas que são as amigas de toda a vida, que o são desde de que nos lembramos de nós, e temos a certeza absoluta (e esta é uma excepção à regra de que não há certezas para além da morte) que sempre o serão – destas amigas se conseguires ter mais do que uma (a tua mãe) és uma pessoa cheia de sorte, e eu tenho (a prima).

Temos outro espécime que são aquelas amigas de quem também gostas muito, mas pouco ou nada têm a ver contigo, no modo de ser, pensar, experiência de vida, mas que talvez por serem tão diferentes faz-te sentir bem estar com elas…como se nessas alturas vivesses um pouco outras realidades e te esquecesses um pouco do teu mundinho – descontrais, escapas ao hábito.

E depois há a teresinha, aquela amiga com quem estás muito menos vezes do que gostarias, a quem por hábito não te confessas, e que apesar de nunca terem falado acerca do que pensam uma da outra…parece que se conhecem de sempre e ainda que não o façam sabem que podem falar de tudo (mesmo tudo) e que do outro lado vai sempre haver um sorriso e alguém que te entende.

Assim é a minha amiga Teresinha...e dentro desta categoria só cabe mesmo ela.

estou certa que quem nos conhece pode jurar que somos tão diferentes, e até somos na forma como nos damos a ver, mas acho que ambas sabemos que temos muito em comum.

Já agora aproveito para te dizer que também gosto muito de ti…

segunda-feira, junho 05, 2006

ACERCA DE NADA


Já há tempos que andava nestas aventuras do pensamento, e de vez em quando, sorrateira, surgia a ideia do porquê ser sempre a família o mote para as minhas escritas??? Por ser o mais importante na minha vida, conclui eu, pensarão vocês.

Mas será que só me soltam as palavras em prol de algo importante? Não, com certeza, se pensar nas Putas das Cuecas, mas também, outra vez, as cuecas são de alguém muiiitoooo importante, tá-se a ver!

Ora então hoje decidi que a acompanhar o café da manhã, tomaria uma atitude, escreveria acerca de tudo ou de nada, o essencial é que seja irrelevante.

Pois aí estão as minhas escassas leitoras, mas de grande qualidade por sinal, a matutar:
mas afinal esta gaja vai escrever sobre o quê? Escreve, escreve, escreve – e não diz nada.
E depois? Olha que porra! Há prá aí tanta gente que o faz e vocês divertem-se!
Olha, por exemplo, as músicas do João Pedro Pais (é assim que ele se chama, não é?), o Poeta Injustiçado!
 
“Desce p`la a avenida, a lua nua… 
e vagando à sorte dormita nas ruas…
Faz-se d esquecida, como minha e tua
Deixando um rasto, que nos apazigua..”
 
Oram digam lá que isto não é de uma profundidade profunda?!
Não digam que é lindo, nem que deslumbra…
Algo que vos confunda…
E pensem em mim e na minha bunda!
 
Lindo…este momento de inspiração!
 

O que interessa é tagarelar, encher a folha, despejar algumas palavras e turvar-vos o raciocínio por alguns minutos…não se pense que a leitura tem que apelar a algum sentimento mais nobre, não senhora!

Vamos nós estar aqui neste instante de descontracção a falar da crise económica, da violência doméstica, ou das estudantes portuguesas que vendem os seus óvulos aos Espanhóis?!?!

Não! Não me apetece, e pronto!

Vamos falar dos outros…que parvos que são os outros! Quem? Aqueles que não somos nós, e não pensam como tal, são mesmo estúpidos, não são? Tolerância zero para a estupidez! Acham que podem chegar e dar a opinião, pois…por isso é que as opiniões valem o que valem – não se vendem, dão-se!

Neste dia soalheiro…vamos falar mal, ora já se está a antever que vamo-nos sentar todas ao sol a falar mal dos outros! E esta? Ahhh, pois é, uma das definições no nosso primoroso dicionário da língua portuguesa

Soalheiro

de soalho < Sol

adj.,

diz-se do lugar exposto ao Sol;

s. m., fam.,

reunião de pessoas ociosas a falar na vida alheia, habitualmente sentadas ao Sol.

Pois, mas nós não somos ociosas, pois não? Logo isto não se aplica aqui às madames. Nós edificamos pareceres – NÃO FALAMOS MAL!!!

Pois mas agora se põe a questão: falar dos outros para quê? Se não têm utilidade nenhuma?!?

Porquê perder tempo a falar da porca da vizinha, ou da besta com quem te cruzaste outro dia, ou da falta de carácter de tanta gente???

Sim, às vezes até se pode tornar um passatempo divertido…até pode parecer que ajuda a descontrair, mas no fim acaba por ser algo despojado de proveitos.

Nada como erigir elogios àqueles que nos são queridos, falar do que nos vais no coração…isso sim lava-nos a alma.

Aí está o porquê de eu só escrever acerca de…