Tenho uma amiga princesa

Ilustração de Ana Oliveira

Não, não pertence à realeza, mas acredita que é uma princesa.

Arrisco mesmo dizer que ela sabe que é a princesa de alguém e se alguém quiser conquistar o seu coração esta será a condição sine qua non

Não interessa quanto tempo vai demorar, nem tão pouco quantos sapos terá que beijar.

Mas uma coisa é certa, terá que ser um verdadeiro príncipe (na volta ainda arranja um da realeza espanhola - digo espanhola porque são os que estão mais aqui à mão!).

A minha amiga princesa, é difícil de compreender: às vezes parece de uma ingenuidade irreal, o que alguns podem confundir com falsidade, não é fácil acreditar na inocência, mas essa simplicidade no fundo apenas traduz aquilo que ela quer para si e pelo qual lutará até ao fim.

Assim, tentando lidar com este estranho ser, percebi que a sustentação desta amizade obriga uma certa dose de sensibilidade. Pois se a minha princesinha revela uma verdadeira dedicação, tenho que lhe demonstrar o valor que lhe dou por isso, sem grandes alaridos (pois grandes manifestações de afecto não é algo que ela aprecie), ou ela não hesitará e sem pré-aviso em seguir o seu caminho “sozinha”. Um pouco baralhado, eu sei. Mas é assim mesmo esta minha amiga: uma confusão!

Somos bastante diferentes, talvez aqui mais uma vez se comprove a teoria dos opostos, e são estas nossas diferenças que fazem esta amizade manter-se e prosseguir. Por vermos o mundo de modos tão distintos, conseguimos estabelecer um ponto de equilíbrio – quando estamos juntas acabamos por viver um pouco o mundo da outra – o que é sempre libertador.

Ela é teimosa, eu tenho a mania que sou mandona; ela é subtil, eu sou uma espalha-brasas; ela é paciente, eu ando sempre a 300 e quero que todo o mundo me acompanhe; ela é ponderada no que diz e no que faz, eu sou impulsiva – e mesmo assim, apesar de sermos tão desiguais já aprendemos a contornar os vícios uma da outra sem serem necessários malabarismos desmedidos.

Acho que vamos ser sempre amigas.

Tenho uma amiga princesa que acredita em contos de fadas e eu desejo-lhe todos os finais felizes do mundo.

Sim, princesa Ritinha estou a falar de ti…de quem mais poderia ser?