segunda-feira, outubro 09, 2006

Picos de Contentamento

Há verdades que se vão reafirmando com o passar do tempo

E uma delas é a de que a felicidade como estado permanente não existe, mas há curtos momentos de tal satisfação que fazem a vida valer à grande.

Hoje, logo pela manhãzinha, tive um desses momentos de puro gozo a ouvir “Garganta” do cd Ana Carolina e Seu Jorge.

Como não sabia a letra da música, ouvia meia dúzia de vezes de enxurrada, sendo que o volume do leitor de Cds (e da minha voz…O meu filhote que me perdoe!) ia aumentado à medida que ia memorizando a letra.

Quando a ouvi pela última vez, já estacionada à porta do emprego, já a cantava a plenos pulmões fazendo expressões que acompanhassem a letra e que me saiam cá do fundo, da forma mais genuína possível…não, não dá para imaginar, mesmo só visto.

A música é para mim a forma de arte mais poderosa que existe (sendo que a escrita está aqui implícita). Faz-me estremecer, rir, chorar, saltitar.

Todas as estações, amores, amigos, da minha vida são marcadas por músicas específicas, e cada vez que as ouço é como se viajasse no tempo e no espaço.

Outras há, como esta que hoje me afogueou, que conquanto estejam amarradas a ninguém e a nenhures, despertam todos os meus poros e certamente um dia irão ter a sua lembrança.

“Minha garganta estranha quando não te vejo
Me vem um desejo doido de gritar
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinha, da sala de estar
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinha, da sala de estar
Venho madrugada perturbar teu sono
Como um cão sem dono me ponho a ladrar
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar
Sei que não sou santa, as vezes vou na cara dura
As vezes ajo com candura pra te conquistar
Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar
Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar
Vim parar nessa cidade, por força da circunstância
Sou assim desde criança, me criei meio sem lar
Aprendi a me virar sozinha,
e se eu tô te dando linha é pra comer você
Aprendi a me virar sozinha
e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar
Aprendi a me virar sozinha
e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar”

1 comentário:

Karlytus disse...

Concordo contigo.. existem coisas que nos podem fazer subir a moral vertiginosamente (estilo bungee jumping mas invertido..) no meu caso (e ao que parece tb no teu..) a música é uma delas..

Beijinhos pa ti e continua a cantar quando tiveres vontade, como dizia o outro: como se ninguém te estivesse a ouvir.. ;)